08 dezembro 2022

Sem dó, nem piedade!

(Por Hugo Dionísio, in Facebook, 05/12/2022)



Se até aqui, os governadores das províncias europeias, vinham chafurdando, degrau a degrau, em novos níveis de profundidade, na fossa em que se (nos) enfiaram; desta feita, desconfiando da sua convicção escavadora, os seus mestres mandaram parar simplesmente de chafurdar, ordenando a passagem à fase da dinamitação do poço, com toda a gente lá dentro! Menos os mestres, claro!

Primeiro, as sanções… Por muito que venha a ladainha do costume, “foi a guerra”, “a guerra provocou a crise”, ou, identificando em Vladimir Putin. a personagem expiatória perfeita, acrescentam “a culpa é do Putin”; como toda a gente séria avisou, a UE iria sofrer ricochete. Foi o que se viu.

Mas, não contente, a corporação que é a UE, escalou, não um, mas nove (!!!!) pacotes de sanções, nove bombardeamentos, cada um mais poderoso que o anterior. Parecem aqueles filmes em que o torturador vai dedo a dedo, até ao fim. Em cada um deles, os povos europeus viram perdidas novas parcelas de subsistência.

Não era difícil de prever: matérias-primas e produtos intermédios mais caros, resultam em produtos finais mais dispendiosos e/ou com menor valor acrescentado; o que equivale a perda de competitividade, perda de valor, destruição de emprego, menor receita fiscal; numa espiralada pescadinha de rabo na boca, que nunca acaba.

Não passando da teoria à prática, lá ouvimos o cavalo de Troia Analena Berbock ou o Ministro da Economia Francês a reclamarem com os EUA, ou porque não têm gás suficiente, ou porque, com a sua energia barata e os seus subsídios à economia, os EUA atingem as economias europeias, adquirindo uma vantagem artificial, distorcendo o mercado livre” (é nisto que dá acreditar no Pai Natal e votar em quem acredita nele).

Já no final da semana passada, sabendo que “Toy” Biden vai atribuir 350 mil milhões à indústria automóvel, para produção de carros elétricos e baterias, apenas beneficiando as empresas situadas no seu território, não tardou a que Sholz visse nisso o que é: um ataque direto à indústria automóvel alemã e criticasse a medida como “protecionista” (não me digam!). Pois… e… porquê alemã?

Primeiro, porque a francesa não vende para os EUA. A italiana, também pouco. Mas a alemã… vende mesmo muito. Ora, como as fábricas alemãs vendem para lá, mas não beneficiam do apoio e, ainda por cima, compram gás – americano – e metais mais caros (ou por causa das sanções ao principal fornecedor, ou, por terem de comprar… aos próprios EUA), estas perdem competitividade. Assim: o apoio concedido por “Toy” Biden é um convite direto à deslocalização das empresas alemãs para território americano, ou, à assinatura de um tratado de livre comércio que acabará, definitivamente, com qualquer soberania produtiva que ainda reste (caso do México e Canadá).

Perante a fila crescente de empresas alemãs (holandesas, belgas, suecas…) que se deslocalizam para os EUA, ou para a China, assistir ao autêntico ato de guerra em que consistiu o rebentamento do Nord Stream, e sem exprimir a mais ínfima reação…

Depois disto tudo e perante a confirmação de todas as previsões – e avisos – de que toda esta experiência se destinava a arrasar com a economia europeia (em especial com a alemã), a separá-la do seu fornecedor de matérias-primas baratas e do seu comprador preferido que é a China (ainda falta essa parte…), eis que a CEO desta grande empresa americana que é a UE, decide enterrar-nos a todos, sem exceção.

Antes, os sinais: aos dias de hoje já sabemos que será uma empresa americana a dirigir o consórcio que se encarregará do grande negócio que será a reconstrução do país de Zelensky; que será o Departamento de Transportes da Casa Branca a monitorizar, fiscalizar e acompanhar a reconstrução das infraestruturas de transportes e energia e que já estão a ser constituídos fundos de investimento por multimilionários anglo-saxónicos para captar “investimento”. Ou seja, a guerra é na Europa, a propaganda diz que “a guerra é para defender a Europa”, mas no final, quem reconstrói são os… americanos.

E perante um sinal destes, que até um cego seria capaz de ver e um surdo de ouvir, a CEO Van Der Lata, pega em mais um rolo de dinamite e toca de mandar aplicar a “oil cap” (tecto de preço) ao petróleo do país de Putin., fixando-o em 62$ (não, não é em €). Como todas as medidas que aplicou até aqui, cada uma representou a explosão de mais um dos pilares da construção desarmoniosa que é a UE. Os EUA, cheios de petróleo, lá continuarão a abrir exceções (como nas sanções todas); a UE, sem petróleo algum, terá de ir comprar mais longe, o que antes comprava perto, com o consequente aumento de preço que decorrerá, da retirada do mercado internacional de petróleo, da parte que a UE deveria comprar ao país de Putin, e que este já avisou que não lhe vendia. Com o aumento de preço, lá estarão todos os produtores a ganhar, incluindo o Tio Sam, ao passo que as colónias todas, com pequenas exceções, terão que pagar mais pelo mesmo produto. É de mestre!

Claro que, a solidariedade europeia nestes dias é tão sólida, que cada rato, cada traidor, se comporta como se não houvesse amanhã (e se calhar não se enganam), e, cada um, procura ganhar o mais que pode à custa dos mais bem-comportados (em que se inclui esta nossa província). Por exemplo, de acordo com a própria Bloomberg, a França compra petróleo ao país da tundra, mais barato e com contrato a longo prazo (contrariando as sanções que ela própria votou para aplicar), e revende-o ao preço corrente aos outros países “irmãos”, dos quais se destaca a… isso! A Alemanha!

E se, este “oil-cap”, já constitui um erro cósmico, capaz de gerar um buraco negro que nos sugará a todos, eis que, Sua Excelência, a CEO Úrsula Va Der Lata, vem com mais uma carta na manga, diretamente retirada do seu cérebro de galinha poedeira. Confiscar, definitivamente, as verbas que estão congeladas do país dos ursos. Ou seja, já não é apenas um gestor, um manager, Úrsula passa diretamente ao gangsterismo. Só que, para se ser gangster é preciso poder sê-lo. OS EUA podem, os outros não. Como se provará, para o nosso necessário mal.

A música é simples, tem sempre a mesma melodia, a Casa Branca quer reconstruir o país de Zelensky (vamos lá a ver se ainda vai existir no fim disto tudo), mas para lançar o vultuoso negócio, precisa de capital, capital que não tem. Logo, os 300 mil milhões vêm mesmo a calhar. Mas os 300 mil milhões são fundos soberanos, logo, vedados pela lei internacional a qualquer tipo de confisco unilateral. É aqui que entra a CEO. Consultados os advogados ao seu dispor, todos disseram – incluindo Portugal, veja-se só – que não podia ser. E ela questionou: então e se o país em causa for criminalmente condenado? Ao que eles questionam: “Um país inteiro”? “Assim em abstrato”? “Todo o povo”? “Todos os ministérios”? “O banco central”?

“Bem, comecemos por uma resolução que condene o país em causa como estado terrorista”, que “tenha no artigo 12.º a possibilidade de este pagar a reparação”, “e depois vamos andando”. Poderíamos questionar como fazer isto sem fazer o mesmo aos EUA e ao seu braço militar na Europa. Contudo, ao dia de hoje, já 80% dos países do mundo viram costas ao Ocidente por este tipo de dualidades.

Mas trata-se de negócio, puro negócio! É tudo negócio, condimentado por centenas de milhares de mortos escusados. Ato contínuo, eis a França de Macron Mackinsey a iniciar a constituição de um tribunal para julgamento dos “crimes de guerra”. Como o TPI não poderia ordenar o confisco, o que faz a UE? Faz o mesmo que critica Putin. de ter feito: cria um tribunal, à medida da sua pretensão.

A questão é esta: o que acham que sucederá se este brilhante projeto for para a frente? O que acham que farão aqueles países que têm reservas na UE e não se consideram parte, província ou empresa dos EUA S.A.? Pois… será uma tal fuga de capitais da EU que os bancos europeus ficarão de rastos, totalmente descapitalizados… E quem terá de os capitalizar? Têm um espelho? Ainda bem. E quais serão os benévolos “amigos”, os que compartilham “os valores”, que emprestarão dinheiro a rodos, saído ainda quentinho da máquina rotativa de verdinhas e a juro mais elevado do que o normal? Pois… São os J.P. Morgan, os Golden Sachs e toda a reserva federal americana, que rebentará tanto de rir (da estupidez do povo e da cobardia endémica dos governadores) como da pança cheia.

Em suma, os mestres, os acionistas da grande corporação que é a UE, fazem tudo bem. Num período em que sabem tudo estar em causa e em que o centro do poder mundial se desloca perigosamente para oriente, aproveitam para capitalizar e reforçar a sua dimensão económica. Somos nós que fazemos tudo mal. E o grave é que a maioria nem vê isto chegar!


Se existir um manual para o suicídio económico, político e social, a burocracia eleita e não eleita da UE e das províncias que a compõem, estudaram-no com um afinco tal que cegaram completamente. A única satisfação é que, lá mais para a frente, será inevitável o julgamento destas gentes como traidores que são…

E nesse dia, contem comigo para os condenar!

Sem dó, nem piedade!

IN BLOGUE ESTÁTUA DE SAL 

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