"O Papa representa centenas de milhões de fieis e
celebrou a Pascoa sozinho.
Porque é que o PR não
celebra
sozinho o
25 de Abril?"
Autor desconhecido
(talvez a síntese mais conseguida da polémica).
Para variar arranjou-se um problema escusado com o modo desastroso como se entendeu,
neste ano da Graça do Senhor de 2020, comemorar a data do 25/4/74.
Data que para uns representa o “alfa e o Ómega” da sua existência e para outros foi uma
catástrofe medonha.
Pelo meio estão os “assim - assim” e, sobretudo, a grande fatia que tem dos eventos uma
visão destituída de qualquer contextualização séria e realista.
Mas isso está perfeitamente
afastado do discurso político e dos “curricula” escolares.
As razões pelas quais não se deveria comemorar o dito dia, nas circunstâncias actuais, do
modo como a Assembleia da República (AR) aprovou (com o lavar de mãos dos demais órgãos
superiores do Estado) estão por demais divulgadas pelo que não as vou referir.
Deixo apenas as palavras da citação e a lembrança da imagem do Papa na Basílica de S.
Pedro, como síntese de tudo. Uma imagem a vários títulos, dolorosa.
Foi apenas a opinião pública que fez os responsáveis recuar no modelo inicialmente gizado,
mesmo depois do Presidente da República (PR) ter reduzido o 10 de junho a um “acto
simbólico”.
Não resisto todavia, a deixar uma questão: se a data mais próxima a ser exaltada,
fosse a do 1º de Dezembro, iriam comemora-lo? Sejam sérios e respondam, não iam pois não?
Eu conheço-os de ginjeira…
E respondam também, acaso a data do 25 de Abril, é mais importante do que a que evoca a
luminosa aurora de 1640? Não são capazes de dizer, pois não?
Mas o Presidente da AR – que tratarei por V. Exª, por dever de respeito ao cargo e à
dignidade do Estado não dever cair na sargeta - veio insurgir-se, admirado (!?), contra os
protestos.
Na sua alarvidade habitual – por detrás da função está uma pessoa e político desqualificado
– insinuou que os protestos tinham motivações ideológicas e aqueles que protestavam eram
contra as comemorações e não tinham a coragem de o assumir.
É isto dito por uma espécie de esquerdopata caceteiro, que refocilou nas alfurjas dos “SUV”
(soldados unidos vencerão) e do “MES” (movimento da esquerda socialista)! E tem o topete de
afirmar que o assunto foi aprovado por 95% dos deputados, ou seja democraticamente –
depois, note-se, de ter afirmado “urbi et orbi” que a data ia ser comemorada a modos que
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“quer queiram quer não”- quando os ditos deputados (do sistema) nem a eles próprios se
representam, muito menos aos eleitores, que nem votam directamente neles, mas apenas nas
listas apresentadas pela estrutura partidocrática existente!
Ficámos a saber, por último, que não se usarão máscaras na cerimónia, não por razões de
desnecessidade sanitária, mas porque na “casa da democracia” “não há bailes … de máscaras”.
Neste frenesim é acolitado por um outro diletante da política, que nunca trabalhou na vida,
Alegre de sua graça, que destilou em tempos, o seu fel e maus instintos, pelos becos de Argel,
e que em protesto solidário com os “capitães de Abril”, contra o governo de Passos Coelho, se
recusou a ir ao Parlamento, em 25/4/2012!
Afinal as comemorações não são assim tão importantes e obviamente, não têm nada de
ideológico…
Ora para que S. Excelência não possa dizer de mim o que verberou em outros, vou, na
medida em que o seu cargo merece e a repulsa (asco) que a sua pessoa provoca, tentar
explicar-lhe porque é que a data do 25/4/74, deve continuar a ser lembrada – as coisas boas e
as más não se devem esquecer – mas devia deixar de ser feriado nacional.
A primeira razão é a mesma pela qual já ninguém se lembra do dia 24 de Agosto de 1820, ou
seja a data que implantou o Liberalismo em Portugal. Data recuada que está, sem embargo, na
origem do que se passa no presente. Do mesmo modo que não faz sentido que o 5 de Outubro
de 1910 tenha o estatuto de feriado.
Como inteligente e prescientemente, os governos do “Estado Novo”, nunca fizeram da data
de 28 de Maio de 1926, feriado. Muito menos nacional.
É já História.
Convém, no entanto, acrescentar o seguinte; tanto a implantação do Liberalismo como da
República, são basicamente, obra da (s) Maçonaria (s). Esta (s) não estando na origem do 25 de
Abril (até porque as “lojas” estavam praticamente todas de “colunas caídas”) veio a beneficiar
e a ajudar, tanto do ocorrido a 25 de Abril como, sobretudo do 25 de Novembro.
O Liberalismo (também ele cheio de boas intenções) deu origem a golpes de estado,
revoluções e guerras civis sucessivos, que só pararam em 1851 (a quente…). Não deve ter
ficado muita vontade de o comemorar…
Além disso ainda não havia a ideia dos feriados, o que veio a ser inaugurado entre nós
justamente, por causa do 1º de Dezembro, aprovado por decreto de 12 /10/1910, embora
tivesse sido proposto do anterior, pela Sociedade Histórica para a Independência de Portugal.
Depois a implantação da República, que representou uma tentativa de imitação serôdia da
Revolução Francesa, com a imposição do “democratismo”, as suas vanguardas carbonárias e os
“Sant – culotes” jacobinos, ultrapassou pela esquerda baixa o pior do Liberalismo.
O feriado do
5 de Outubro bastava assim, aos republicanos, maçons e aos (poucos) socialistas e anarquistas
existentes.
Perguntar-se-á porque é que o Estado Novo – que foi basicamente construído contra o caos
da I República e a ditadura do Partido Democrático – manteve a data como feriado. Pois
porque o novo regime se consolidou sob a forma republicana; por causa da fraqueza das elites
monárquicas e porque – ao contrário do que se diz – teve que procurar alguns equilíbrios.
Muitos maçons passaram, por ex., a colaborar com o regime fundado por Salazar, apesar de a
agremiação ter sido proibida, em 1935.
Não obstante, manteve-se a evocação do 5 de Outubro, em “low profile”, sem brilho nem
lustre, acabando em romarias de uns poucos caquéticos.
Como caquéticos estão já os protagonistas e apoiantes do 25 de Abril.
Feito o parêntesis, acrescenta-se um argumento maior: o 25/4, e sobretudo o que se lhe
seguiu, foram fruto de uma luta política, social e ideológica, entre facções, de uma parte da
Nação contra outra ou outras. É uma data e um conjunto de eventos que dividiu e divide, o
país transversalmente; que deixou ódios e cicatrizes por sarar. Que mudou nomes às ruas e
deitou estátuas abaixo e erigiu outras…
Ora uma data destas não deve ser comemorada como feriado nacional, pois não tem nada
de … nacional. É até, uma questão de bom senso e sanidade mental.
Aliás se tudo o que se passou tivesse resultado numa boa memória ou consciência nacional,
a vida decorreria normalmente em harmonia e tal seria a melhor e suficiente homenagem. Ora
não foi nada disto o que se passou.
De facto fazer um golpe de estado (que degenerou em revolução desbragada, coisa que não
estaria na mente da maioria dos conspiradores, ou estaria?), não é propriamente a mesma
coisa que ir tomar uma bica, com uns amigalhaços, ao café da esquina. E vale – e deve ser
aferido - pelas intenções e, sobretudo, pelos resultados.
Ora as intenções mais tarde assumidas (todas muito “filantrópicas”) não tiveram nada a ver
com as motivações do chamado MFA (que englobava cerca de 1 a 2% da oficialidade e nenhum
sargento), cujos aderentes - não estou a falar de adesivos – resultaram da revolta que o
tristemente célebre decreto-lei 353/73, de 13 de Julho, lhes provocou. Decreto que
estabelecia as novas normas de passagem dos oficiais milicianos ao quadro permanente e que
objectivamente prejudicava os capitães e parte dos majores mais modernos.
O que mais tarde, evoluiu para o derrube do governo pela via do golpe de estado. E quero
crer que foram tão inconscientes que nem pensaram no dia seguinte…
Quanto aos resultados estes foram de uma desgraça inconcebível.
Começou pelo facto de a Junta de Salvação Nacional e o MFA, terem perdido o controlo da
situação no dia seguinte ao golpe e nunca conseguiram cumprir o programa a que se tinham
proposto ao país.
Em poucos meses tudo degenerou numa situação caótica em todos os âmbitos da vida
nacional a tal ponto de estrangeiros nos terem classificado como “um manicómio em auto
gestão”. O que só não era verdade porque pecava por defeito.
Este período, que ficou conhecido como “PREC” (processo revolucionário em curso),
terminou a 25 de Novembro de 1975 (data, entretanto, convenientemente apagada do
calendário), altura em que o que restava das Forças Armadas (FA) conseguiu evitar “in
extremis” a imposição, pela violência, de uma ditadura comunista pura e dura.
Após, é bom lembrar, a derrota política e militar mais grave e vergonhosa de toda a nossa
vetusta História, que resultou na independência traumática e miserável, de todos os territórios
ultramarinos portugueses para as mãos de partidos marxistas, na órbita da URSS.
Este crime não tem perdão.
Macau ficou a aguardar a sua entrega, mais por bom senso da China – que nunca reivindicou
o território – do que desejo da nossa parte. E lá se foi em 1999.
Deste modo se alienou de uma penada inadjectivável, cerca de 95% do território e 60% da
população, que vivia debaixo da Bandeira das Quinas, e tinham ficado como herança dos
nossos antepassados. E sem ao menos terem a decência de lhes perguntar o que queriam…
Deixando em simultâneo, como “herança” futura, à artificialidade dos “novos países”, um
cortejo de desgraças inominável, que os levou à autodestruição, com uma fila (estimada) de
mais de dois milhões de mortos. É obra…
Será isto o que se quer comemorar a 25 de Abril?
Devemos ainda distinguir o que ocorreu em dois âmbitos: o militar e o civil.
No âmbito civil gerou-se o PREC, inicialmente e não só, provocado por militares que
propositadamente, ou não, permitiram que o Poder caísse na rua, o que colocou a Nação à
beira de uma guerra civil, ao fim de ano e meio. Dá um filme de terror de várias horas…
O que resultou no país ter ficado completamente esfacelado, política e socialmente; a
economia de rastos, as finanças destruídas, a justiça substituída pela iniquidade. Numa
palavra, ficou a saque! Parecia que todo o país estava a ser cruzado por um cano de esgoto
gigante…
Só isto era razão suficiente para uma vergonha colectiva por décadas.
São estes acontecimentos que se querem comemorar?
Sabe, eu assisti a tudo muito atentamente…
Porque é que os novos próceres nunca se atreveram a julgar ninguém do anterior regime
político, sobretudo tendo em conta os gravíssimos ápodos de que os acusaram?
Julgaram-se possuídos de uma superior generosidade, ou a soberba da Razão? Recearam
nada ter para os incriminar, ou andavam de tal maneira obcecados em destruir tudo à sua
volta, que nem se deram à maçada desse pormenor trabalhoso – e perigoso?
Sabe V. Exª, Ferro Rodrigues, que a vergonha na cara faz muita falta?
Quanto à parte militar: as FA que estavam a realizar a campanha militar mais bem
conseguida, desde que o “Grande” Afonso de Albuquerque estabeleceu o poderio português
na Índia, caíram a pique de um dia para o outro, no mais vergonhoso dos desempenhos.
Trata-se de se terem derrotado a elas próprias, enxovalhando-se, pois nem sequer foi o
inimigo que as derrotou. Só que ao auto aniquilarem-se, levaram consigo a Nação que tinham
jurado defender.
Um Exército pode aliás, ser derrotado e portar-se bem. Alcácer – Quibir representou uma
das maiores derrotas militares que sofremos, mas as tropas bateram-se valentemente e
estiveram a pouco de vencer. O próprio Rei D. Sebastião – tão mal apreciado e vilipendiado –
comandou pessoalmente, três cargas de Cavalaria!
Pagou com a morte ou o degredo infamante – ainda não se determinou ao certo o que se
passou – a sua valentia temerária e o erro de se ter posto à testa do Exército sem ter
assegurado descendência, mas isso já é outra história.
A Liga dos Combatentes é, por vezes, criticada por insistir em comemorar a Batalha de La
Lys, por ter sido uma enorme derrota (também durante a IGG, tirando a campanha dos
Cuamatos, não há grandes vitórias a comemorar). As tropas estavam muito mal preparadas,
por erros políticos precedentes, e foram literalmente esmagadas pelo poderio avassalador
alemão. Foram sacrificadas, mas não desonraram a Bandeira Nacional.
O que se passou após o 25 de Abril não foi assim.
Umas magníficas Forças Armadas, que chegaram a ter cerca de 230.000 homens em pé de
guerra, em três continentes e outros tantos oceanos, a combater bem e vitoriosamente, em
três teatros de operações distintos, separados de milhares de quilómetros, durante 1 4 anos,
transformaram-se rapidamente (nem dá para atinar!) em “bandos armados” desprovidos de
qualquer valor militar. Tendo chegado a jurar bandeira de punho fechado…
Muitos episódios (que são espinhos cravados na minha alma de militar e de português)
atestam o que estou a dizer. Mas fixemos apenas dois como ilustração: a vergonha inaudita da
“rendição” da Companhia do Exército estacionada em Omar (norte de Moçambique) e a cena
do Batalhão em cuecas, em Nova Lisboa.
A IM ficou manchada na sua Dignidade e na sua HONRA.
Esta Honra ainda não foi resgatada.
Será isto que se quer comemorar em 25 de Abril e perpectuar em feriado nacional?
A tropa portou-se tão mal e de um modo tão errático, que quando as coisas começaram a
serenar após o 25 de Novembro – e nem esta data serve para as redimir, pois deixaram o que
tinham para fazer muito aquém de meio – e sobretudo a partir de 1982, com o fim do
Conselho da Revolução, conseguiu esta coisa única em todo o mundo: toda a gente no país
ficou de mal com elas; uns por umas razões, outros por outras.
Numa palavra a IM ficou de mal com o país e este com ela, e ela consigo própria. Ainda hoje
estão a sofrer deste estado de coisas. Nunca vi ninguém assumir esta factualidade.
Será isto, ainda e porventura, o que querem comemorar?
Vejamos ainda o que se seguiu (por alto).
Institucionalizada a III República com a aprovação da nova CR, em 1976, começou uma
anunciada era de luz, Justiça e prosperidade – em antinomia já se vê, com a “longa noite
fascista”, uma ditadura retrógrada e triste, no mais suave dos epítetos.
Em primeiro lugar exalta-se o valor da “Liberdade” – que sendo um valor absoluto, tem
aplicação relativa e se divide em diferentes liberdades. Ou seja vale pelo uso responsável do
que se faz dela.
Ora parece - me a mim que o que se passou a aplicar mais, foi o conceito de libertinagem e
a liberdade mais usada seja a de mentir…
Depois a Democracia, que como se sabe pode ter muitas definições e “nuances”. Neste
âmbito gostaria que me explicassem como é que o espectro partidário existente no
Parlamento (até à presença recente do “Chega”) fosse apenas do “centro” à extremíssima
esquerda; e também desejaria saber como se pode incluir o PCP no âmbito dos
“democráticos” – o que é desmentido pela sua ideologia, prática e referências, bastando ver os
exemplos antigos e actuais onde governaram e governam - e ainda o BE que representa um
coio de apaniguados dos “ismos” mais extremos (e estranhos).
Um sistema democrático que se perverte a si mesmo pois cada deputado não é livre, nem é
votado directamente pelos eleitores, pois se encontra a mando do directório partidário! Um
sistema eleitoral que à excepção da eleição do PR não permite candidaturas individuais.
O que se instalou, isso sim, foi uma ditadura dos Partidos e de alguns sindicatos, que por
“acaso” são por norma, correias de transmissão dos Partidos; idem para o chamado Poder
Local “;configurando, por outro lado, uma Plutocracia, onde o dinheiro é que manda nos votos.
A “Democracia” não é um fim em si mesmo, é apenas uma forma de organização política da
sociedade. E não está acima da Pátria, da Moral, da Verdade, da Liberdade, etc..
Agitaram bem, misturaram por algum tempo e resultou uma “corruptocracia” e uma
“bandalheirocracia”…. Sem Autoridade; emaranhada num dilúvio de leis, que se mudam a
esmo; com uma Moral duvidosa e muito vazio de Ética!
Onde os vícios são exaltados e a Virtude é escarninho. Tudo permeável a
“internacionalismos” e organizações sem rosto, que destroem a nacionalidade.
Não é necessário dar exemplos, tudo está às escâncaras na praça pública, servida por uma
comunicação social sem freio, mas sempre condicionada pelos interesses financeiros ou
outros, que a tutela. E que, oficialmente, nunca faz censura…
As linhas mestras do “sucesso” que temos tido estão vertidas num livrinho de capa vermelha
que encerra a Constituição da República (CR).
Muito exaltada nas ditas comemorações do dia florido a cravos da cor do sangue.
CR aprovada debaixo de sequestro e nunca referendada.
Que me parece um arrazoado prolixo, com ideias mal expressas, às vezes contraditórias;
eivado de ideologia malsã; com artigos anti democráticos; anti nacional; onde os deveres são
esmagados pelos direitos (a não ser o de pagar impostos). Uma coisa mal - amanhada, que
estabelece um sistema que não é carne nem peixe, que tenta equilíbrios instáveis, que
dificultam as resultantes políticas claras, sem embargo de permitir que uma força política que
perde as eleições poder passar a governar…
E que nalguns dos seus aspectos mais razoáveis, sofre de incumprimentos vários.
Que consubstancia um Regime patético e mentiroso, que exalta traidores, facínoras e
pobres de espírito.
Não sei se é isto que, também, estão na disposição de comemorar.
Numa época e numa sociedade, onde o que falta em espiritualidade sobra em materialismo,
convém deixar uma palavra sobre economia e finanças.
Nos fins de 1973 estavam saudáveis e recomendavam-se por sustentáveis. A vida decorria
normalmente do Minho a Timor (salvo nas zonas afectadas pela guerrilha). Apesar da tal
guerra… Que muitos vieram depois, dizer aleivosamente, que estava perdida e era injusta,
deixando perpassar amiúde um esgar íntimo de satisfação…
A única coisa preocupante consistia num excessivo fluxo emigratório no seio da população
metropolitana. E éramos livres e independentes – um valor muito superior à Democracia...
Passados 40 anos, contamos três bancarrotas, a última das quais causou uma intervenção
externa humilhante; emigração e imigração em barda (agora também migração); a moeda
nacional foi-se desvalorizando até acabar; as divisas foram-se, assim como dois terços do ouro
acumulado em décadas; foi-se destruindo o sector primário e parte da indústria; os serviços
tirando o turismo, não são concorrenciais; a banca em vez de financiar a economia é
financiada pelos impostos dos contribuintes e está “proibida” de falir, e passaram-nos a
apelidar de “lixo”.
Todos os índices de demografia são suicidários.
Vamos nos 130% de dívida face ao PIB, isto a acreditar nos dados divulgados.
Não há “Ronaldos” que apaguem esta realidade, embora abundem os avestruzes!
E é bom não esquecer que chegámos a este ponto vivendo maioritariamente do que não
produzíamos; depois de se ter delapidado as reservas deixadas pelo Regime anterior e da
catrefada de fundos estruturais europeus, que entraram no país durante 30 anos, para além
do património já vendido para aliviar problemas de tesouraria. E sem já terem a desculpa de
haver guerra e terem passado a desprezar a defesa nacional ao ponto de gastarem hoje,
apenas cerca de 1% do PIB!
Quanto a soberania então nem se fala, simplesmente abdicaram dela e “vendem-na” ao
desbarato.
Não se pode ser mais incompetente. Só para ficar por aqui. Deve ser uma incompetência
democrática…
Como pode observar, Exmº Presidente da AR, tem aqui muito para comemorar no tal dia
25/4. Pode começar a limpar as mãos à parede.
Finalmente uma última razão inclina-me, desgraçadamente, para a extinção de tal feriado, a
não ser para evocar uma espécie de “Dia dos Finados”. E essa é, que um regime/sistema com
origem em tal data, ter permitido a um homem com uma imagem de burgesso contumaz,
possa ascender a número dois da hierarquia do Estado e eu simples cidadão, com os deveres e
direitos em dia, ter de o tratar por V. Exª.
Até porque V. Exª nem ao respeito se dá – nem respeita o seu alto cargo, quando em pleno
parlamento afirma coisas como se estar “a c-g-r para o segredo de justiça”. E nada disso ter
consequências. V. Exª revela-se assim uma nódoa da Democracia; digo uma nódoa. Apenas.
E no dia em que haja em Portugal um sistema de Justiça que não se limite ao exercício
deletério do Direito; mantenha “de facto” uma independência de outros Poderes e seja capaz
de se livrar das ervas daninhas que o invadem, então porventura, se saberá em todo o seu
esplendor e extensão, o que se passou no escabroso “caso da Casa Pia”.
Estimo que comemore bem o dia, na companhia dos que lhe são queridos. Tome três
colheres de mel para cantar o “Grândola”, às três da tarde como pediu o compincha Vasco (de
melena e pá) e não se esqueça de levar papel higiénico; as suas tripas podem traí-lo.
João José Brandão Ferreira
Oficial Piloto Aviador
24/04/2020