CHAMAM "PANETA VERDE"
Esta semana dedico este espaço de opinião aos mais recentes acontecimentos no “novo” mundo do “activismo climático” português, de resto, amplamente noticiados e difundidos pela comunicação social, quero acreditar não tanto pela adesão popular a tais acções, coisa que manifestamente não têm, mas mais pela bizarria daqueles actos concretamente realizados que, demonstrativamente, visam pôr em prática uma “filosofia” – não de mentes brilhantes, mas sim dementes degenerativas – que fundamenta o movimento que representam, de seu nome: “Climáximo”. Mas ainda antes de atingirmos o “Climáximo”, como sempre – apenas com excepção da longínqua época dos “Descobrimentos” –, Portugal não passa de uma caixinha de ressonância daquilo que é processado noutros países. Uma espécie de “delay” sonoro, que se define por um sinal de entrada que se reproduz e se repete, como um eco, após um determinado período de tempo, ou seja, um sinal atrasado que pode ser reproduzido várias vezes até deixar de se ouvir, de forma natural à medida que cada nova repetição vai perdendo a intensidade, ou, de forma abrupta, perante a presença actuante de um elemento exógeno que interrompe o efeito.
Em matéria de “activismo climático”, como tem sido visível, verifica-se também a presença do referido “delay” face a outras latitudes, pelo que, não sendo uma novidade, acaba por sê-lo em território português.
As acções deste movimento, prosaicamente classificadas como “disruptivas” por alguma comunicação social, supostamente destinadas a chamar a atenção do Governo e dos cidadãos em geral para a emergência climática, têm vindo a ocorrer com uma periodicidade quase diária ao longo deste mês de Outubro. E, como é manifesto, têm cumprido com esse objectivo, chamando, de facto, a atenção de toda a gente, não por serem disruptivamente inócuas, mas, pelo contrário, serem iníquas, desafiando a lógica, insultando a inteligência, ofendendo a razoabilidade e assassinando o bom senso. Tudo isto num quadro de absoluta intolerância a quaisquer formas de pluralismo, à diferença, à divergência e ao contraditório. Tipicamente totalitários e prototerroristas na forma como pretendem impor a sua agenda neo-eco-fascista de “parar a normalidade”, como assumidamente se propõem fazer.
Todavia, este parece ser um objectivo demasiadamente ambicioso. Desde logo porque, felizmente, não há no país assim tantos “climáximos” simpatizantes dessa edificante “causa” de parar a normalidade. Até porque a ideia de parar a normalidade subjaz à vontade de a fazer substituir.
Ora, sendo o “Climáximo” um movimento inequivocamente radical, totalmente avesso à tolerância, tendo como missão parar e substituir o nosso modo de vida – o modelo civilizado de vivência em sociedade, num Estado de Direito, numa democracia liberal, moderna e que se quer avançada, na qual se insere a esmagadora maioria dos cidadãos – como expressamente vem referido no seu “site”, pretende, assim, aniquilar a normalidade, liquidar o Governo e as empresas, classificados como “instituições culpadas pelo colapso climático e pela declaração de guerra às pessoas e ao planeta” e, porquanto, considerando terem nas suas próprias mãos a tarefa de “parar de aceitar esta normalidade e sensação de falsa paz”.
Fácil será, pois, concluir que o “Climáximo” quer substituir a normalidade por uma grotesca anormalidade. E, por via de uma tenebrosa reeducação, reconduzir a humanidade ao ponto em que degenerou, i.e., ao Homem de Neandertal.
Às instituições qualificadas como “ecogenocidas” por estes autoproclamados activistas, dizendo ser necessário desarmar o horror dos seus “novos projectos assassinos”, designadamente novos aeroportos ou a expansão do gás natural, outro destino não restaria além do encerramento compulsivo, caso a normalidade fosse efectivamente parada e substituída pela anormalidade preconizada pelos desmiolados membros deste inimputável movimento, que recuso terminantemente a qualificar como cívico ou de cidadania. E, naturalmente, a prisão perpétua seria a pena a aplicar a todos os políticos e empresários, em julgamentos sumários e sem necessidade de constituição de defensor.
Mas, se por um lado estes fanáticos do clima não têm a mínima cultura democrática, patente também nas acções de rua, com cortes de estrada impedindo a circulação, perante as atrocidades que praticam em museus e galerias, tentando destruir obras de arte, como aquele ataque perpetrado a um quadro de Pablo Picasso, da colecção Berardo, em exibição no Centro Cultural de Belém, revelam, por outro lado, também não possuir o mais ínfimo resquício de cultura artística. E, finalmente, quando somos confrontados com a justificação daquele ataque, então mergulhamos num estado de loucura inimaginável, agravado por uma coreografia digna de um manicómio: sentados no chão, com uma mão na parede ao lado do quadro, gritando “Não há arte num planeta morto”.
Posto isto, deverão as autoridades agir em conformidade, levantando os respectivos autos a estes avariados do clima sempre que tal se justifique. Sejam bloqueios de estrada, sejam ataques a obras de arte, sejam atentados a governantes.
Por falar nisso, não deixa de ser muito irónico que a vítima da “Climáximo”, tenha sido um ministro de um Governo que é, ele próprio, um eco-activista. Veja-se, a propósito das anunciadas medidas para o Orçamento de Estado de 2024. Nomeadamente, o insuportável agravamento do Imposto Único de Circulação (IUC), sob e égide do clima, em que o Governo avança com aquilo a que chama de “reforma ambiental” deste imposto, castigando as famílias normais cujo rendimento não lhes permite alterar a frota automóvel actual e usufruir de novos e modernos veículos eléctricos não poluentes, como obviamente gostariam.
Talvez fosse mais correcto e certeiro, em vez de penalizar ainda mais as pessoas por serem pobres e remediadas com mais impostos (para além do IUC, também o IVA), lhes fosse possível beneficiar do não pagamento de imposto, por exemplo, não cobrando Imposto Automóvel (IA) na compra de veículos eléctricos, bem como potenciando um programa de retomas dos veículos antigos. O mesmo se aplica ao IUC, que nessas circunstâncias de aquisição de novos automóveis eléctricos, deveria ser reduzido ou mesmo “gratuito” nos primeiros anos.
Acreditará mesmo o Governo que o agravamento do IUC para automóveis com matrícula anterior a 2007 estimulará a compra de novos veículos com reduzida emissão de CO2? A sério? As mesmas famílias que todos os meses contam, desesperadamente, os poucos cêntimos que lhes sobram e que, a partir de Janeiro, irão ser gastos em saquinhos de plástico transparentes para trazerem as batatas e os tomates do supermercado?
Esta ideia da fiscalidade verde é, simplesmente, uma aldrabice.
Esta semana dedico este espaço de opinião aos mais recentes acontecimentos no “novo” mundo do “activismo climático” português, de resto, amplamente noticiados e difundidos pela comunicação social, quero acreditar não tanto pela adesão popular a tais acções, coisa que manifestamente não têm, mas mais pela bizarria daqueles actos concretamente realizados que, demonstrativamente, visam pôr em prática uma “filosofia” – não de mentes brilhantes, mas sim dementes degenerativas – que fundamenta o movimento que representam, de seu nome: “Climáximo”. Mas ainda antes de atingirmos o “Climáximo”, como sempre – apenas com excepção da longínqua época dos “Descobrimentos” –, Portugal não passa de uma caixinha de ressonância daquilo que é processado noutros países. Uma espécie de “delay” sonoro, que se define por um sinal de entrada que se reproduz e se repete, como um eco, após um determinado período de tempo, ou seja, um sinal atrasado que pode ser reproduzido várias vezes até deixar de se ouvir, de forma natural à medida que cada nova repetição vai perdendo a intensidade, ou, de forma abrupta, perante a presença actuante de um elemento exógeno que interrompe o efeito.
Em matéria de “activismo climático”, como tem sido visível, verifica-se também a presença do referido “delay” face a outras latitudes, pelo que, não sendo uma novidade, acaba por sê-lo em território português.
As acções deste movimento, prosaicamente classificadas como “disruptivas” por alguma comunicação social, supostamente destinadas a chamar a atenção do Governo e dos cidadãos em geral para a emergência climática, têm vindo a ocorrer com uma periodicidade quase diária ao longo deste mês de Outubro. E, como é manifesto, têm cumprido com esse objectivo, chamando, de facto, a atenção de toda a gente, não por serem disruptivamente inócuas, mas, pelo contrário, serem iníquas, desafiando a lógica, insultando a inteligência, ofendendo a razoabilidade e assassinando o bom senso. Tudo isto num quadro de absoluta intolerância a quaisquer formas de pluralismo, à diferença, à divergência e ao contraditório. Tipicamente totalitários e prototerroristas na forma como pretendem impor a sua agenda neo-eco-fascista de “parar a normalidade”, como assumidamente se propõem fazer.
Todavia, este parece ser um objectivo demasiadamente ambicioso. Desde logo porque, felizmente, não há no país assim tantos “climáximos” simpatizantes dessa edificante “causa” de parar a normalidade. Até porque a ideia de parar a normalidade subjaz à vontade de a fazer substituir.
Ora, sendo o “Climáximo” um movimento inequivocamente radical, totalmente avesso à tolerância, tendo como missão parar e substituir o nosso modo de vida – o modelo civilizado de vivência em sociedade, num Estado de Direito, numa democracia liberal, moderna e que se quer avançada, na qual se insere a esmagadora maioria dos cidadãos – como expressamente vem referido no seu “site”, pretende, assim, aniquilar a normalidade, liquidar o Governo e as empresas, classificados como “instituições culpadas pelo colapso climático e pela declaração de guerra às pessoas e ao planeta” e, porquanto, considerando terem nas suas próprias mãos a tarefa de “parar de aceitar esta normalidade e sensação de falsa paz”.
Fácil será, pois, concluir que o “Climáximo” quer substituir a normalidade por uma grotesca anormalidade. E, por via de uma tenebrosa reeducação, reconduzir a humanidade ao ponto em que degenerou, i.e., ao Homem de Neandertal.
Às instituições qualificadas como “ecogenocidas” por estes autoproclamados activistas, dizendo ser necessário desarmar o horror dos seus “novos projectos assassinos”, designadamente novos aeroportos ou a expansão do gás natural, outro destino não restaria além do encerramento compulsivo, caso a normalidade fosse efectivamente parada e substituída pela anormalidade preconizada pelos desmiolados membros deste inimputável movimento, que recuso terminantemente a qualificar como cívico ou de cidadania. E, naturalmente, a prisão perpétua seria a pena a aplicar a todos os políticos e empresários, em julgamentos sumários e sem necessidade de constituição de defensor.
Mas, se por um lado estes fanáticos do clima não têm a mínima cultura democrática, patente também nas acções de rua, com cortes de estrada impedindo a circulação, perante as atrocidades que praticam em museus e galerias, tentando destruir obras de arte, como aquele ataque perpetrado a um quadro de Pablo Picasso, da colecção Berardo, em exibição no Centro Cultural de Belém, revelam, por outro lado, também não possuir o mais ínfimo resquício de cultura artística. E, finalmente, quando somos confrontados com a justificação daquele ataque, então mergulhamos num estado de loucura inimaginável, agravado por uma coreografia digna de um manicómio: sentados no chão, com uma mão na parede ao lado do quadro, gritando “Não há arte num planeta morto”.
Posto isto, deverão as autoridades agir em conformidade, levantando os respectivos autos a estes avariados do clima sempre que tal se justifique. Sejam bloqueios de estrada, sejam ataques a obras de arte, sejam atentados a governantes.
Por falar nisso, não deixa de ser muito irónico que a vítima da “Climáximo”, tenha sido um ministro de um Governo que é, ele próprio, um eco-activista. Veja-se, a propósito das anunciadas medidas para o Orçamento de Estado de 2024. Nomeadamente, o insuportável agravamento do Imposto Único de Circulação (IUC), sob e égide do clima, em que o Governo avança com aquilo a que chama de “reforma ambiental” deste imposto, castigando as famílias normais cujo rendimento não lhes permite alterar a frota automóvel actual e usufruir de novos e modernos veículos eléctricos não poluentes, como obviamente gostariam.
Talvez fosse mais correcto e certeiro, em vez de penalizar ainda mais as pessoas por serem pobres e remediadas com mais impostos (para além do IUC, também o IVA), lhes fosse possível beneficiar do não pagamento de imposto, por exemplo, não cobrando Imposto Automóvel (IA) na compra de veículos eléctricos, bem como potenciando um programa de retomas dos veículos antigos. O mesmo se aplica ao IUC, que nessas circunstâncias de aquisição de novos automóveis eléctricos, deveria ser reduzido ou mesmo “gratuito” nos primeiros anos.
Acreditará mesmo o Governo que o agravamento do IUC para automóveis com matrícula anterior a 2007 estimulará a compra de novos veículos com reduzida emissão de CO2? A sério? As mesmas famílias que todos os meses contam, desesperadamente, os poucos cêntimos que lhes sobram e que, a partir de Janeiro, irão ser gastos em saquinhos de plástico transparentes para trazerem as batatas e os tomates do supermercado?
Esta ideia da fiscalidade verde é, simplesmente, uma aldrabice.