29 janeiro 2025

(IA) LÓGICA ARTIFICIAL QUE DESIGNAM POR INTELIGÊNCIA...

» INTELIGÊNCIA HUMANA 
É UM ORGANISMO

(IA) LÓGICA ARTIFICIAL 
É UM MECANISMO CRIADO PELA INTELIGÊCIA HUMANA.

https://pplware.sapo.pt/gadgets/hardware/da-areia-ao-microchip-cria-um-processador-moderno/

Da areia ao Microchip
– Como se cria um processador moderno


15 Jan 2018  Hardware

Minúsculos e, por isso, incrivelmente rápidos, os microchips semicondutores operam nas fronteiras da física. Eles são feitos do mesmo material que as crianças usam para brincarem na praia: areia.

A areia comum é o ponto de partida para os componentes mais complexos que a humanidade já inventou: os microchips. Venha connosco numa viagem fantástica pelo mundo do fabrico destes componentes que mudaram a nossa maneira de ser.




Microchips - Eles são o coração de cada circuito eletrónico, desde o simples controlo de temperatura do frigorífico da cozinha, ao computador de bordo no carro, até aos smartphones ou PCs topo de gama. No interior, milhões de pequenos switches manipulam as informações sob a forma de operadores. Normalmente não nos apercebemos da "vida existente" nestes microcosmos, mas um olhar mais profundo para o mundo da nanotecnologia de semicondutores revela-se intrigante e fascinante em detalhes.

A pura produção de chips atuais pode ser considerada de "um milagre", mas antes de nos confrontarmos com os truques e procedimentos necessários para criar um processador, preste atenção ao único “ator” principal de apenas 50 nanómetros: o transístor.

Para aguçar a sua curiosidade, saiba que em comparação, um cabelo humano é cerca de 1100 vezes mais grosso que um transístor. Este componente, por sua vez, é composto de várias estruturas geométricas e com dimensões ainda menores.

Interruptor mágico

O Field Effect Transistor (FET) clássico. Em termos simples, um transístor corresponde à campainha da porta da sua casa - pelo menos, se a pudesse pressionar três mil milhões de vezes por segundo e a conseguisse ligar a todas as outras campainhas existentes no mundo. A sua estrutura esquemática esta detalhadamente disponível no gráfico da imagem seguinte:



O botão da campainha, um Field Effect Transistor moderno, tem uma entrada para corrente (Source) e uma saída (Drain). A terceira porta, o portão (Gate), corresponde ao botão que o utilizador pressiona para permitir que a corrente flua através dos circuitos, ou seja, para que a campainha toque. A única diferença é que no FET não é a pressão mecânica que desencadeia o fluxo da corrente, mas sim o campo dos portadores da carga elétrica (eletrões) no portão.

Sobre quais efeitos um semicondutor funciona exatamente, isso já é material para outro artigo futuro. Para entender as etapas de fabrico que transformam a areia em microchips basta ter uma ideia aproximada da arquitetura de um transístor. Este consiste essencialmente em quatro superfícies ou estruturas tridimensionais:A Fonte (Source);
A drenagem (Drain)
O portão (Gate)
O canal entre eles (Channel).

Estes devem ter propriedades elétricas diferentes para que a magia semicondutora transforme o cristal de silício simples num interruptor.

Produção de wafer

Todos os tipos de microchips são produzidos em discos circulares de silício chamados de wafers.



Todos os átomos do silício têm que ser alinhados na perfeição dentro da rede de cristal, conforme podem ver na imagem imediatamente em cima. A pureza é extremamente alta: em mil milhões de átomos conseguimos apenas encontrar um átomo exótico.

A produção de chips começa com equipamento pesado para a mineração de quartzo (Areia). Este é o segundo mineral mais abundante na crosta terrestre e consiste em dióxido de silício (SiO2).



Fornos de arco elétrico reduzem o SiO2 em silício bruto Si, a 2000.° C. Ácido clorídrico, temperaturas elevadas e a destilação, permitem alcançar uma pureza na unidade de 99,9999999%.



O silício é derretido o 1400.° C para que este seja convertido de estado sólido para um estado líquido. Entretanto, a semente é embutida no silício liquido. Esta começa a girar e a puxar o silício líquido para que este solidifique novamente e seja criado um lingote de monocristal chamado de “Ingot” (lingote).




Milhares de vezes mais fino do que um cabelo

A AMD introduziu recentemente a linha dos seus mais poderosos processadores. O Ryzen 1700, 1700X e 1800X, consistem essencialmente em 4,8 mil milhões de transístores. O chip descoberto, sem o portador de silício, sem cobertura em estanho e sem a placa de suporte, é chamado de DIE.

O DIE desses processadores mede apenas 20,8 mm x 9,1 mm = 189 mm2. Num selo postal dos correios, cabem quatro destes processadores. Os transístores estão incrivelmente próximos uns dos outros. Para ter uma pequena noção, na superfície de uma agulha com 3 mm de espessura cabem até 350 milhões transístores e no ponto no final desta frase, cabiam mais um milhão e meio deles. Mesmo a área transversal de um cabelo humano pode acomodar mais de 47 mil transístores.

As dimensões reais ou mesmo a geometria dos transístores mais modernos não nos possibilita a identificação do fabricante do mesmo. No entanto, e através de um cálculo inverso sobre o comprimento da aresta de um FET, feito num processo atual de 14 nm, temos a possibilidade de descobrir que o tamanho de um transístor anda na ordem dos já mencionados 50 nm.

As estruturas mais pequenas medem apenas uma fração. Existem ainda camadas individuais com apenas algumas camadas atómicas. Como cada fabricante “fabrica a sua própria sopa de transístores” que coexistem num chip diversificado e combinado para as mais diversas tarefas, estabeleceu-se um parâmetro para os processos de fabrico que mede a largura da estrutura.



A International Technology Roadmap for Semiconductors (ITRS para abreviar) usa um tamanho de referência abstrato. Metade do espaço das grades entre o campo de células da memória DRAM é chamado de “half pitch”, ou mais especificamente, a distância entre os dois condutores mais próximos interligados entre si, como ilustra a imagem em cima. Basicamente tudo significa que a grade do campo de células num processo de fabrico de 14 nm, tem cerca de 14 nanómetros, mas não descreve necessariamente o tamanho das melhores estruturas.

Construído com areia

Apesar de tão complexo tudo isto lhe possa parecer, o material de partida para estes milagres em miniatura, passa frequentemente entre os dedos dos nossos filhos nas férias de verão: areia de quartzo comum.



A areia consiste essencialmente em dióxido de silício. O próprio silício é formado no nosso universo dentro de estrelas maciças a temperaturas acima de mil milhões de graus celsius e quando dois átomos de oxigénio se fundem. O dióxido de silício é o terceiro elemento mais abundante na Terra após o oxigénio e o ferro. Ao contrario do ferro, o dióxido de silício tem propriedades metálicas e não metálicas. Isso faz dele a escolha ideal para semicondutores.

Não tão “quente” como a criação do próprio silício, mas altamente tóxico, é a extração de silício bruto. O 2000.° C, o dióxido de silício e o carbono reagem ao monóxido de carbono e ao silício. Atualmente, existem cerca de 15 países em todo mundo que produzem silício em grande escala. A China é sem dúvida o país com maior produção. São quase 10 milhões de toneladas de silício por ano.

Lingote (Ingot) depois do processo e pronto para a fase de alisamento e de corte.



De SiO2 a Si em forma de lingotes (Ingot) e pronto para o corte de wafers.



Lingote de monocristal tem uma estrutura atómica de rede contínua. É criado lentamente e pode ter até 2 metros de altura.




Dissolvido com ácido

Apenas algumas centenas de milhares de toneladas, ainda contaminadas com cerca de 5% de átomos exóticos, são escolhidos com precisão para o processamento posterior. Em primeiro lugar, o silício é misturado a 300.° C com cloreto de hidrogénio.

Neste processo é produzido, além do hidrogénio que é altamente explosivo, o triclorossilano. Este composto químico de fórmula SiHCl₃, além de corrosivo e facilmente inflamável, tudo isto tem uma reação altamente perigosa para o ser humano, quando em contacto com a água, entre outros cenários. Consequentemente a destilação seguinte requer um grande cuidado e muita precisão.

Adicionando hidrogénio ao silício, quando este se encontra a temperaturas muito altas, torna possível o corte do mesmo, quando já se encontra num estado bastante puro. Porque isso ainda não é suficiente, outro truque, chamado de “Zone Cleaning” entra em jogo. Uma bobina derrete uma fatia fina da haste vertical do silício. Neste processo as impurezas “afundam-se” literalmente. De seguida, a bobina continua o seu percurso, eliminando os átomos exóticos e impuros por todas as zonas. Mas ainda existe um pequeno contratempo nos detalhes processuais. Tudo isto apenas funciona em alto vácuo, o que complica a limpeza.

Após estes processos altamente complexos e morosos, ainda existe um pequeno caos na rede cristalina do polissilício, mas este já alcançou a incrível pureza de 99,9999999%. Depois deste processo e medindo pela população da Terra, existem duas vezes menos átomos impuros no polissilício do que pessoas que já visitaram a Lua.

Um fio de diamantes, com menos de 200 μm de espessura, corta o lingote em fatias de aproximadamente 0,8 mm de espessura. Estas fatias são denominadas de raw-wafers .



As partes superiores e inferiores são lixadas. O que acontece a seguir é uma espécie de corrosão química. Após o polimento e limpeza a seco são produzidos os wafers perfeitos.



A introdução de acamadas adicionais para as próximas etapas é possibilitada através da oxidação.



Ressuscitado na fundição

O método de Czochralski cria a ordem necessária neste processo. A semente é imersa em silício aquecido acima do seu ponto de fusão. Se este for extraído lentamente com uma rotação contínua sobre a massa fundida, o silício solidifica.



O resultado é um cilindro com uma estrutura de cristal continua até 2 metros de altura. Em termos técnicos, esse cristal é chamado de lingote ou Ingot em inglês. O lingote já possui o diâmetro mínimo necessário para a criação dos wafers que é atualmente de 22-30 cm.



Uma ranhura nivelada no solo ao longo do eixo longitudinal do lingote ajuda a alinhar os discos de silício para que estes tenham uma forma linear. Então, como se de uma salsicha se tratasse, um fio fino de diamante com cerca de 0,2 mm de espessura, corta fatias finas de 0,8 mm chamados de wafers .





Esse fio de diamante corta as fatias a uma velocidade equiparável ao que consegue um ciclista profissional, 36 Km/h. Após esse processo, os wafers sofreram alguns danos e, por isso, são novamente lixados. Um marcador a laser grava os códigos de barras nos respetivos wafers e para que estas sensíveis “bolachas de silício” não quebrem facilmente, são arredondadas as bordas.

Por fim, uns panos rotativos especiais, fazem um polimento aos wafers, para que estes obtenham um alto brilho. Os wafers, são depois deste processo, mais lisos do que qualquer espelho. Se estas “bolachas de silício” fossem do tamanho dum campo de futebol, este, teria apenas uma diferença de altura de 1 mm.

Finalmente, os wafers podem ser preparados para técnicas especiais de produção. Em silício tenso (Strained Silicon), deve existir uma camada intermédia fina de silício de germânio (SiGe) entre a rede cristalina e a camada final de Si.



Neste caso particular, é forçada uma maior distância atómica. Essa aumenta a mobilidade dos portadores de carga, permitindo que transístores mais ágeis sejam construídos. Em Silicon On Insulator (SOI), os wafers são isolados dos transístores com uma fina camada de óxido por cima deles.

Casa de luxo por quilo

Devido às imensas exigências na pureza e na baixa reatividade do silício e do dióxido de silício, a produção de um wafer é intensiva em energia e dispendiosa. Além disso, são utilizados produtos químicos hostis, tais como o peróxido de hidrogénio, o ácido clorídrico e ácido fluorídrico ou o já mencionado triclorossilano.

Muitos processos também requerem alto vácuo e uma atmosfera protetora com um gás protetor. A areia de quartzo custa apenas 4 cêntimos por quilograma, enquanto o polissilício limpo custa 50 dólares. O fabricante dos chips compra finalmente os wafers em estado cru por mais ou menos 200 dólares americanos por peça. Convertendo isso por quilograma, são cerca de 4000 dólares nos EUA.

As etapas dos processos seguintes, elevam os custos dos chips por quilograma, para o equivalente a uma casa unifamiliar de luxo.

Por Ricardo Gomes para o Pplware

23 janeiro 2025

A clique europeia esgotou os ansiolíticos

In: A Estátua de Sal (Por José Goulão, in Abril, 20/01/2025)




Numa espécie de espelho que reflete o seu próprio estado de espírito, a comunicação social do regime neoliberal e respetiva corporação do comentariado diz e repete, autodiagnosticando-se, que a União Europeia sofre «de ansiedade» perante a entrada em funções do novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Não parece haver razões para duvidar. Os profissionais de farmácia poderão confirmá-lo, avaliando o desgaste nos seus stocks de ansiolíticos e confirmando simultaneamente estarmos perante mais um favor, este involuntário, ao monopólio das grandes empresas de medicamentos.

A situação inspira uma primeira nota. A decadente casta política da União Europeia, tão arrogante em relação aos seus povos, é, afinal, um concentrado de medos perante os respectivos patrões, neste caso suscitados pela mudança de ocupante do trono do mais representativo e visível de todos eles.

Em boa verdade, a melhor explicação para o estado de ansiedade dos governos formalmente eleitos e da máfia de burocratas não-eleitos da União Europeia parece ser, analisando o trabalho do tentacular aparelho de propaganda, um sentimento de orfandade pela partida do demente, corrupto e belicista Joseph Biden, o chefe a quem os nossos submissos governantes faziam a devida genuflexão quando o visitavam ou quando este, em missão de presidência aberta para emanar ordens de comando, tinha a deferência de ir ao seu encontro.

Quer isto dizer que, em vez do conforto que, no caso de ser a escolhida, a mãezinha Kamala Harris lhes assegurava, temem que Donald Trump seja o padrasto malvado, capaz até, quem sabe, de os deixar desamparados perante a selva cada vez mais disposta a atormentar a vida aos que, com tanto zelo, cuidam deste encantador jardinzinho.

Será que os governos europeus, para os quais a palavra «aliados» é um sinónimo de «servidores» e «criados», receiam ser ainda mais despromovidos, talvez até à condição de párias e indigentes obrigados a tomar conta da própria vida esgravatando no lixo pestilento que fazem, indefesos perante os «bárbaros»?

Se assim fosse, haveria mais do que justificadas razões para a desenfreada corrida aos ansiolíticos. De facto, a casta serviçal que sempre teve as costas quentes para desenvolver tropelias através do mundo tentando convencer-nos de que receberia o devido dízimo do quinhão da rapina, foi agora assaltada pelo medo de ter de cuidar da sua própria defesa, ou pagá-la bem mais cara.
Trump será mesmo o padrasto?

Os autoritários (para os seus povos) governantes europeus, cada vez mais desleixados no uso dos filtros da mentira, comportando-se segundo éticas rasteiras e governando dentro de um universo paralelo, são capazes, porém, de estar a sofrer antes do tempo.

Embora sejam nulidades em História real, isso não os impede de revisitarem os cinco anos em que Trump viveu na Casa Branca e encontrarem aí razões para não estarem tão inquietos.

Por exemplo, e como devem estar lembrados, Trump inventou um presidente fascista na Venezuela e organizou tentativas de golpes de Estado neste país; para sossego dos dirigentes europeus, sempre tão incomodados com processos eleitorais e governamentais que não cumpram as normas políticas que dogmatizaram como únicas, é natural que o novo/antigo presidente norte-americano retome o caminho, insistindo no golpismo em Caracas e «elegendo» como presidente o mentor e operacional de esquadrões da morte sul-americanos que perdeu as últimas eleições. Bruxelas e os 27 não precisam de inquietar-se.

Nada indica também que Trump tencione amenizar o bloqueio contra Cuba, ressuscitar a ideia de referendo sobre os direitos nacionais do Saara Ocidental, contrariar a ideia de «transição verde» à moda de Bruxelas, neutralizar grupos terroristas como a al-Qaida ou o Isis, tão úteis aos «interesses» dos 27, onde quer que sejam chamados a desempenhar criminosas missões de procuração, como ainda bem recentemente aconteceu na Síria.

O patrocínio por Trump dos arremedos de aproximação entre o Sul e o Norte da Coreia ficou-se por aí; a normalidade regressou e até refinou, desta feita com um recente golpe de Estado «pró-americano» no pró-americano regime de Seul. Não existem, portanto, razões para sobressaltos na União Europeia.

Uma palavra especial para a chamada «questão israelo-palestiniana», eufemismo muito conveniente para usar em vez de genocídio e limpeza étnica por aquelas almas tão sensíveis e motivadas pelos direitos humanos, mas que viram a cara aos rios de sangue e às chacinas enquanto o racismo sionista defende «os nossos interesses», a «nossa civilização» e, claro está, a «tradição humanista» no Médio Oriente. Também nesta matéria nada justifica as ansiedades dos europeus: Netanyahu e os seus homens de mão do «sionismo revisionista» continuarão de pedra e cal, provavelmente com posições e impunidade reforçadas e, por isso, não deixarão de alimentar, agora em condições de maior atrevimento, porque têm as costas ainda mais quentes, a eterna esperança da guerra contra o Irão.

O anunciado cessar-fogo em Gaza poderá provocar algumas convulsões no interior do gang terrorista da cúpula sionista mas, mais dia, menos dia, levará o caminho dos muitos estabelecidos anteriormente porque o essencial, a estratégia de anexação dos territórios ocupados, sobrepor-se-á ao acessório. Pode a União Europeia continuar sossegada, emitindo episodicamente os canónicos protestos verbais, certa de que não perturbarão Israel na sua tarefa de defender «a nossa civilização» em tão atribulada região. Afinal, como garante o embaixador sionista em Lisboa, sossegando tantas e tão boas consciências, não existe fome «e até há gordos» em Gaza. Será que o verdadeiro problema das operações de extermínio é o de criarem obesidade?

Nestes e outros assuntos, que merecem ser escalpelizados com tempo e espaço que não existem em horas de solenidade, de posse e juramentos – coisas que os poderes ocidentais muito estimam e cumprem com especial fidelidade – as ansiedades da União Europeia têm raízes bem mais prosaicas, que nada ou pouco terão a ver com Trump, a não ser mais um ou outro buraco no casco do navio em rota de naufrágio por única e exclusiva responsabilidade do carácter artificial, oportunista e, no limite, totalitário da mítica «integração europeia».

Trump, como é natural em quem assume a chefia operacional do império, cuidará com zelo da aplicação da «ordem internacional baseada em regras», cuidará das estratégias coloniais que estejam afinadas pelos interesses imperiais e não deixará de desenvolver as suas próprias guerras, mesmo que estas sejam olhadas com reservas algures neste ou naquele Estado europeu. Mas não foi sempre assim desde Nixon até hoje, no Vietname, na Operação Condor e suas congéneres acções fascistas na América Latina, no Afeganistão, no fabrico do terrorismo dito «islâmico», na Jugoslávia, na Somália, na África Central e Austral, no Iraque, na Líbia, no Iémen, na Síria, até na pobre, inofensiva e indefesa Grenada? E de que serviram as vozes discordantes, tímidas e envergonhadas, as dos governos, mais fortes e poderosas, mas inaudíveis, as dos povos? Se o império considera imprescindível uma guerra, então faz-se e pronto, com Trump ou uma qualquer Kamala ou Obama, manifestem ou não opiniões transitoriamente dissonantes este ou aquele mais atrevido membro da quase sempre afinada, por inerência, claque europeia.

Todos estes assuntos superficialmente inventariados fazem de Trump muito mais um exigente paizinho dos nossos governantes do que um maléfico padrasto.

Os imperadores têm, desde tempos imemoriais, os seus naturais caprichos e idiossincrasias; e este que agora ocupa o trono não é excepção, cultivando peculiaridades muito próprias de quem acumula o cargo de presidente com o de mega-imperador do imobiliário. O que se percebe pela intenção de preferir comprar bocados do mundo em vez de os conquistar, o que aliás nada traz de novo, pelo que não se compreende o espanto que por aí vai.

O império, mesmo em tempos de mais limitadas capacidades de afirmação e menor submissão de amigos e aliados não deixou de arrendar o Alasca aos czares, esquecendo-se até de pagar a renda e anexando-o como Estado sem que os actuais e tão ameaçadores senhores de Moscovo reclamem; comprou a Louisiana a França, a Florida a Espanha, o Nevada, Utah, Arizona e o Vale de Mesilla (compra de Gadsden) ao México; o Oregon ao Reino Unido; as Filipinas a Espanha, declaradas independentes, mas pouco, em 1946; e as Ilhas Virgens à Dinamarca, um precedente encorajador para a pretendida aquisição da Gronelândia. A Zona do Canal do Panamá foi arrendada por 10 milhões de dólares mais uma prestação/gorjeta anual de 250 mil dólares; a cedência do território e das instalações ao Panamá, formalizada em 1999, parece ter, afinal, direito de recompra levando em conta as recentes intenções proclamadas por Trump. Nesses outros tempos de grandes aquisições territoriais registaram-se também episódios da estratégia depois tornada mais habitual, a anexação – formal ou não – de territórios, nações e Estados como o Texas, Hawai e Porto Rico. Falhou Cuba, fracasso que sucessivos imperadores raivosos ainda não conseguiram digerir.
Nacionalismo e globalismo

Donald Trump é um nacionalista na sua perspectiva de que o controlo imperial deve ser exercido com base numa «América outra vez grande», reforçada e reorganizada internamente (segundo os seus pontos de vista descaradamente fascizantes) para poder dominar o planeta sem dar satisfações aos «aliados», obrigando-os até a assumir as suas tarefas de autodefesa.

Trump é também um globalista, mas não nos termos de uma «fraternidade» mundial idílica (para a ortodoxia neoliberal) num planeta privatizado e sem fronteiras onde «nada teremos e seremos felizes», governado por uma reduzida cúpula sem rosto da máfia dona de tudo.

Para o novo imperador, o planeta global terá fronteiras, as dos Estados Unidos da América, país que tudo decidirá em termos de governo. Embora não seja um apparatchik republicano como os Bush’s, por exemplo, Trump está rodeado por eles – Mark Rubio, Elliott Abrams e outros do núcleo dos mais indisfarçados fascistas – e revê-se objectivamente na «doutrina Wolfowitz», segundo a qual Washington não poderá permitir, em caso algum, o crescimento de uma potência capaz de fazer sombra ao império norte-americano, como aconteceu com a União Soviética. Tal não pode suceder nem mesmo com a União Europeia; e todos os presidentes norte-americanos têm tratado zelosamente disso nos últimos 35 anos, rebaixando gradualmente a meros serviçais os membros da ninhada dos 27. Donald Trump será intratável nesse aspecto, mas a clique europeísta não deveria sequer estar ansiosa porque já provou desse veneno no primeiro consulado do regressado presidente.

Matéria mais delicada, como sempre desde que se abordam as posturas de Trump, é da NATO, organização pela qual o novo presidente, diz-se, não terá grandes simpatias.

Isso não é verdade. Para começo de conversa registemos que a Aliança Atlântica sobreviveu ao anterior mandato de Trump e alcançou até umas finanças mais estáveis porque apreciável número de Estados membros responderam afirmativamente ao «apelo» do comandante em chefe para contribuírem com os famosos dois por cento do PIB. Aliás, quem chegou a liquidar a NATO, declarando-a em «morte cerebral», foi o ainda presidente Macron, cada vez mais perdido nas derivas do hexágono francês, outrora «motor» da União Europeia; e como a Alemanha está igualmente com a sua «força motriz» reduzida à mais ínfima potência, pouco mais é preciso para se entender o estado comatoso da «integração europeia». A locomotiva gripou.

A NATO é o instrumento militar fundamental do expansionismo e do militarismo imperial, pelo que não faria sentido Trump desvalorizar uma organização que lhe permite fazer as guerras que desejar poupando soldados e despesas dos Estados Unidos e fazendo recair esses esforços sobre os outros Estados membros, desde que assegure os postos de comando determinantes. Não nos recomenda o secretário geral da Aliança, o fascistóide Mark Rutte, que todos devemos ter «uma mentalidade de guerra»?

Como nacionalista prático, porém, Trump está muito menos disposto do que os seus antecessores a supostamente sacrificar e onerar a saúde económica e financeira dos Estados Unidos com os custos da responsabilidade de «defender a Europa».


Para grande desespero e visível ansiedade das medíocres e náufragas chefias dos 27, Trump não parece minimamente incomodado com as patéticas efabulações sobre a sempre iminente cavalgada militar russa até à costa ocidental de Sagres a Viana do Castelo, com eventual instalação de uma base estratégica avançada nas Berlengas.

Em primeiro lugar , porque o novo presidente norte-americano, como grande parte dos que o antecederam, nem sabe onde ficam estes lugares; e depois porque não está interessado em dar crédito a tais patranhas para manter e sustentar além-mar dispendiosos e volumosos dispositivos militares com a missão de guardar as costas a quem, na sua pragmática opinião, tem obrigação de fazê-lo por conta própria, se quer ser alguém no mundo.

Chegámos ao busílis da questão, agravado com a situação na Ucrânia, como pode perceber-se pela especulação que aí vai.

Trump, obviamente, pretende que a NATO cerque e asfixie a Rússia – e a esfrangalhe em múltiplos Estados fantoches, se possível – mas exige que os esforços para concretizar esse objectivo comum sejam ainda mais partilhados dentro da aliança.

Se a Europa insiste em defender o falido nazi-banderismo de Zelenski «até que a Ucrânia vença» – o que, no estado atual das coisas, só acontecerá depois do dia de São Nunca – isso é lá com ela, pensará Trump. Ele terá outra estratégia para lidar com o assunto; qual será? Realisticamente, pouco se pode adiantar, além de vagas especulações sobre os ténues indícios suscitados pela sua insistente mendicância de uma reunião com Vladimir Putin. Amanhã também não será a véspera desse dia porque, apesar das sempre valiosas e muito úteis elucubrações do comentariado, o assunto parece não ter passado ainda de meros «contactos técnicos»

Há uma coisa, porém, que a União Europeia e, pelo menos, os membros europeus da NATO devem ter em consideração: com os arsenais vazios depois de terem enviado não só os monos como os engenhos militares mais modernos e de tecnologia mais apurada para serem transformados em sucata através de todo o imenso território da Ucrânia, esses países serão obrigados a rearmar-se e a comprar aquilo de que necessitam, e também de que não necessitam, como estabelece o ritual atlantista. O esforço terá de ser ainda mais empenhado, sobretudo se as novas responsabilidades de «autodefesa» forem combinadas com a sangrenta teimosia em apoiar o regime de Kiev até ao último ucraniano.

Nessa perspetiva, é natural que a entrada de Trump em funções venha abalar a adquirida convicção das tão encrespadas nulidades europeias de que o paizinho americano estará sempre disponível para vir socorrê-las dos maus humores dos russos que povoam os seus pesadelos.

Se soubessem um pouco de História real e não vivessem voluntariamente embalados pelas historietas que novos, velhos e manhosos «historiadores» cozinharam sobre a Segunda Guerra Mundial, os nossos «europeístas» de turno saberiam que os seus antecessores «democratas liberais», depois de terem confraternizado com Hitler contra a União Soviética e serem arrastados para um conflito que os arrasou, só puderam contar com a ajuda dos benfeitores de Washington quando estes se asseguraram de que o Exército Vermelho e os povos soviéticos tinham ferido de morte o aparelho imperial nazi. E então chegou a vitoriosa cavalaria, como tão bem nos conta Hollywood.

O saber de experiência feito, como cantava o Poeta, e a cumplicidade dos nossos incompetentes e desumanos dirigentes com as velhas e novas formas de fascismo e nazismo, de Kiev a Telavive, garantem-nos que da História apenas usam as versões falsificadas e deturpadas, tornadas oficiais, como instrumentos da sua governação de mentira e manipulação.

Isso significa, repete-se, que depois de se desarmarem para armarem o nazismo de Kiev e assim sacrificarem inutilmente milhões de ucranianos – porque as propostas realistas de paz estiveram nas mãos dos contendores antes de a tragédia atingir as dimensões calamitosas de hoje – os dirigentes europeus vão ter de repor os arsenais. Como? Bem, nesta matéria o mercado não é assim tão independente e soberano; e a «mãozinha invisível» cuidará de proceder a manobras pouco ortodoxas para corrigir a livre concorrência. As compras serão feitas obrigatoriamente aos grandes gigantes da indústria da morte, sobretudo norte-americanos, desde os monos há muito condenados à reciclagem até às maravilhas tecnológicas de extermínio em massa, mesmo assim inúteis em caso de apocalipse nuclear.

Os submissos dirigentes da União Europeia podem ter uma certeza: com Trump não haverá saldos, atenções ou descontos em compras por atacado; também não haverá alternativas: os fornecedores terão de ser os da NATO e aos preços por eles estabelecidos sem quaisquer restrições ao livre arbítrio.

MAGA, Make America Great Again, tornar a América grande de novo, lembram-se? É a receita mágica de Trump, o neoliberalismo puro e duro como o de qualquer outro presidente, mas com o seu toque de nacionalismo num país onde, para a esmagadora maioria da população e a quase totalidade dos seus eleitores, não existe mundo para lá das suas fronteiras. Não se reconhecem aliados, apenas clientes; não pode haver restrições à obtenção de lucros máximos; é cada um por si numa competição selvagem e selvática que terá de ser ganha pelo mais forte por definição, a única nação indispensável, excepcional, e que nunca poderá deixar de existir, os Estados Unidos da América. Esta afirmação de unipolaridade sem sofismas será elevada à máxima potência, em primeiro lugar à custa dos aliados nos campos económico, financeiro, militar e político

Recorrendo ao histórico da primeira administração, Trump também não dará descanso aos dirigentes dos países «relapsos» que não cumprem o mínimo de dois por cento do PIB para financiar a NATO. Há que sugar ainda mais os contribuintes, com a vantagem de ficarem ainda mais cientes da obrigatória «mentalidade de guerra».

Nada disto poderá ser surpresa para a União Europeia e os países europeus da NATO. Não se justifica qualquer ansiedade, já sabiam com o que deveriam contar depois de tanto se rebaixarem perante Washington, a pontos de o chanceler Scholz da outrora determinante Alemanha ter acolhido e homenageado o presidente norte-americano, no caso Joseph Biden, depois de este lhe ter prometido, e cumprido, destruir o gasoduto Nord Stream II; obrigando-o assim a comprar gás natural poluidor norte-americano a um preço cinco vezes mais elevado do que o anteriormente consumido, de origem russa. Com este comportamento, não há dignidade nem economia que resistam; e a realidade está à vista, dispersando por toda a Europa uma crise de intensidade crescente e sem limites previsíveis

Ao fim e ao cabo, os dirigentes da União Europeia têm razões para se encharcarem em ansiolíticos. Mas não culpem Trump por isso: por um lado, já o conheciam e, apesar da imprevisibilidade e da irresponsabilidade que o caracterizam, a situação que aí vem não é mais do que um desenvolvimento da contínua degradação decorrente da sua submissão repelente – dramática para os povos do continente – aos presidentes norte-americanos, sejam eles quem forem.

As verdadeiras causas da vaga de ansiedade que atravessa a clique governante europeia são o seu comportamento, o seu desrespeito pelas pessoas, a viciação escandalosa do funcionamento da democracia, a sua incapacidade inata para ser séria, transparente e falar verdade.

O resultado só poderia ser a tragédia anunciada que já percorre todo o continente europeu – isolado, incapaz, improdutivo, desindustrializado, sem qualquer influência nas grandes mudanças que estão a acontecer no mundo e o irão atropelar. Nestes tempos, a inércia, o conformismo ou mesmo alienação de sectores populares tendencialmente progressistas e democráticos é um grave perigo que urge sanar para travar a ameaça de uma hecatombe social e humana.

Donald Trump _ 47º presidente EUA

Discurso de posse:

18 janeiro 2025

A origem da Agenda Climática



Tal como um rio, é necessário averiguar a origem de um termo para compreender melhor qual será o seu destino. As alterações climáticas não são uma excepção, e é inegável que a dispersão do movimento foi premeditada, com o objectivo de estimular alterações endémicas no sistema em que vivemos (se com boas ou más intenções, isso é outra história). Posto isto, neste artigo comprometo-me a expor a evolução da agenda ambiental e climática ao longo dos séculos, para que se compreenda melhor o seu rumo e se a causa foi ou não desvirtuada.


Nos séculos XVIII a XIX, ocorreu a revolução industrial, em que o desenvolvimento e o crescimento económico estavam relacionados com a proliferação das indústrias. Entretanto, em 1713, Freiherr Hans Carl von Carlowitz publica o livro “Silvicultura economica”, cunhando o termo “sustentabilidade”, da qual advogava o uso e conservação da madeira, de uma forma contínua e sustentável. (Hans Carl von Carlowitz, 1713) 
De seguida, em 1962, Rachel Carson publicou o livro “Silent Spring”, abordando o ambientalismo, a Agência de Protecção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) e a proibição do diicloroetano. (Carson, 1962)


Posteriormente, o Clube de Roma publicou o relatório “The Limits to Growth”, apresentado em Moscovo e no Rio de Janeiro no Verão de 1971 (Donella H. Meadows, 1972).

Em simultâneo houve reuniões na Suíça do “Painel de Peritos em Desenvolvimento e Meio Ambiente”, publicando-se o relatório “Painel de peritos convocado pelo Secretário-Geral da Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano” em Junho de 1971 (Nations, 1971).

No ano seguinte, ocorre a Conferência de Estocolmo sobre o Meio Ambiente Humano, tendo surgido o conceito de “ecodesenvolvimento”. Não menos importante, promulgou-se disposições legais, organizações e programas ambientalistas, tais como o PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) e o Earthwatch (Programa de Observação da Terra).

Ainda, na mesma década, ocorreu uma crise do petróleo nos Estados Unidos da América, da qual se ecoou inúmeras preocupações, desde o medo do crescimento económico, sobrepopulação, inflação, desemprego e esgotamento dos recursos naturais.

No hiato temporal entre 1970 e 1980, presenciou-se uma mediatização dos desastres ambientais, culminando numa consciencialização ambiental por toda a Europa na gestão dos recursos, comportamento dos indivíduos e a alternativa das energias renováveis. Assim, originaram-se movimentos grassroots, que lutavam contra projectos locais de energia e da indústria. Por exemplo, Patrick Moore, um dos fundadores da Greenpeace (associação fundada no Canadá em 1971), tornou-se num voraz crítico do movimento, indicando que a causa ambiental foi desvirtuada e que, ao invés disso, propagou-se alarmismo climático e ecologia punitiva (impostos e taxas a quem polui).

Ora, a Greenpeace teve um enorme sucesso com as suas campanhas publicitárias, suscitando uma “onda mediática” sobre o que se apelidava de aquecimento global. Robert Hunter, primeiro presidente e um dos fundados da Greenpeace formulou o conceito de bombas mentais, ou seja, o impacto que algumas imagens poderão causar nas pessoas. O activista acreditava que uma imagem chocante causaria um maior impacto do que estratégias de marketing tradicionais, tendo em vista mudar concepções vigentes e comportamentos da sociedade.

Principais Acidentes Ambientais (entre 1950-1990)

Acidente Impacto

Minamata (Japão) Derrame de mercúrio, anos 50, 700 mortos, 9.000 doentes crónicos
Seveso (Itália) Acidente industrial, 1976, fábrica de pesticidas, libertação de Dioxinas
Bhopal (India) Acidente industrial com libertação de gás metil isocianeto, 1984, 3.300 mortos e 20.000 doentes crónicos
Chernobyl (Ucrânia) Acidente industrial nuclear, abril de 1986, emissão de 50 a 100 milhões de curies, 29 mortos, 200 condenados, 135.000 casos de cancro e 35.000 mortes subsequentes
Basiléia (Suiça) Incêndio e derramamento, novembro de 1986, 30 toneladas de pesticida derramadas no rio Reno, 193 km do rio morto, 500.000 peixes e 130 enguias
Valdez (EUA – Alaska) Acidente industrial, derrame de petróleo, 1989, 37 milhões de litros de óleo, 23.000 aves migratórias, 730 lontras e 50 aves de rapina Goiânia (Brasil) Contaminação com césio 137, 1987, 5 mortos e centenas de contaminados Rio Grande (Brasil) Acidente industrial, derrame de 8.000 toneladas de ácido sulfúrico no mar, 1998, não houve vítimas humanas mas fortes impactos ambientais e humanos (6.500 pescadores artesanais foram impedidos de pescar e houve perdas no turismo)


Em 1983, criou-se a Comissão Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (WCED), com vista a compreender a capacidade de absorção dos ecossistemas, para eliminar os resíduos produzidos pela actividade humana. A WCED ou Brundtland Report, publicada por Gro Harlem Brundtland, política norueguesa. (Brundtland, 1987) Esta, mencionou o seguinte:

Desenvolvimento que satisfaça as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades.”

Na declaração de Rio de Janeiro, esta citação foi transformada, como forma de significar: “dimensões ambientais, sociais e económicas”. Não obstante, o relatório explica que o desenvolvimento sustentável está directamente relacionado com o fim da pobreza, a satisfação básica de alimentação, saúde, habitação e a procura de novas fontes energéticas que privilegiem as energias renováveis e a inovação tecnológica.

A partir dos anos 80, os países pressionam os seus cidadãos a optar por práticas de sustentabilidade ecológica, crescendo a elaboração de estudos de impacto ambiental. Um dos mais bem-sucedidos foi o Sistema Integrado de Gestão Ambiental ou Modelo Winter, desenvolvido por Georg Winter em 1989.

Quanto ao activismo ambiental, surgiu como pioneiro o grupo “Earth First!”, pressionando as organizações e Estados, no sentido de influenciar as suas políticas e práticas. Em paralelo, instituiu-se o Dia da Terra a 22 de Abril de 1990, quando as preocupações ambientais já influenciavam as escolhas dos consumidores americanos.

Em 1992, assistiu-se à maior conferência planetária sobre o meio ambiente e desenvolvimento económico em Rio de Janeiro, denominada de ECO-92. Nesta, apresentaram-se os seguintes documentos:

Carta da Terra;
Convenção sobre Diversidade Biológica;
Convenção Marco sobre Mudanças Climáticas;
Declaração sobre as Florestas;
Agenda 21.

A Agenda 21 caracteriza-se por um conjunto de directrizes orientadoras para Governos, instituições das Nações Unidas e sectores independentes, com o objectivo de promover o desenvolvimento da qualidade de vida, preservação dos ecossistemas e alterar o rumo das actividades humanas no planeta.

Mais tarde, em 1997, a Convenção Marco sobre Mudanças Climáticas foi discutida em Kyoto (Japão), resultando no Protocolo de Kyoto. O seu objectivo seria limitar a emissão de gases com efeito estufa às nações mais industrializadas. Em 2000, a Declaração do Milénio foi adoptada durante a Cimeira do Milénio na sede das Nações Unidas em Nova Iorque, estabelecendo-se os 8 objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM). Estes objectivos representaram um marco na agenda internacional, comprometendo-se a combater a pobreza, promover a educação, a igualdade de género, a saúde e a sustentabilidade ambiental até 2015.

Newsletter The Blind Spot

Carta aberta à CNN

parem de insultar a nossa inteligência

(Estátua de Sal, 18/01/2025)


Uma estação de televisão que almeja ser respeitável – e especializada em difundir informação e não programas de entretenimento -, tem obrigação de acautelar a veracidade das notícias que difunde e o comprometimento com a ética e com a verdade dos comentadores que alberga.

Ora, ficámos todos espantados quando Oren Rosenblat, embaixador de Israel em Portugal, garantiu à CNN que “não há fome na Faixa de Gaza”, e que “até há gordos”, embora os relatos das agências no terreno e da ONU denunciem risco iminente de fome e falta de ajuda humanitária.

Que o embaixador tenha dito o que disse, não é da responsabilidade da CNN. O embaixador é um facínora ao serviço do genocídio, um escroque entre escroques, por obediência cega, por fé supremacista ou por ambos os motivos.

Mas já é da responsabilidade da CNN ter dado voz e tempo de antena à comentadora Helena Ferro Gouveia que alinha pelo discurso de Rosenblat e desculpabiliza os crimes de Israel dizendo, entre outras pérolas que “Os relatórios [da ONU] têm de ser lidos com uma pedrinha de sal”.

Nunca vi tanta parcialidade e tamanho atentado à inteligência dos espetadores. A CNN, com a Ferro Gouveia a querer-nos convencer de que as pessoas em Gaza arrotam satisfeitas depois de lautos repastos, com o Isidro a dizer que a Ucrânia está a ganhar a guerra e com a Soller a alertar-nos para o perigo da chegada dos exércitos russos às portas de Berlim, acerca-se do grau zero da credibilidade informativa.

A continuarem assim, mudem a designação do canal, de informativo para humorístico de mau gosto. É que, os vossos comentadeiros são cada vez mais propagandistas para mentecaptos e, estou em crer, nem mesmo já aos mentecaptos conseguem convencer.

E vejam o que se está a passar no mundo. A vossa agenda globalista, bélica e unipolar ancorada nos mandamentos da “ordem internacional baseada em regras” que só o Império sabe quais são, está em acelerado declínio, o que só prova o vosso ineficiente trabalho no arrebanar das almas dos simples. Ou seja, arrepiem caminho, porque com Helenas, Isidros, Sollers, Serronhas e Botelhos, entre outros pregadores de fábulas, já não vão lá.

E, para terminar, aqui deixo o vídeo da Helena Ferro Gouveia a debitar sobre os “anafados” habitantes de Gaza e sobre as crianças que lá estão felizes, pois até devem ter tido uma prenda no sapatinho pelo Natal.

Se sofrerem do estômago previnam-se antes, porque pode correr mal. Podem ter vontade de vomitar. Comigo foi o que aconteceu.

01 janeiro 2025

"INTELIGÊNCIA" ARTIFICIAL

Será possível transferir dados de um cérebro humano para um cérebro artificial?

https://usegreenco.com.br/blogs/pense-mais-verde/cerebro-artificial-ciencia-ou-ficcao?srsltid=AfmBOoraGkODMt-8SvXHt_gAsxtbJqhNw5LSdcpx9ajOQHP9aPk0VVk2

Como a máquina tem funções não voluntárias, a ideia do BMI foi suplantada por algo mais complexo: o cérebro sintético.



O sistema BMI é limitado porque gera respostas do tecido em torno dos eletrodos implantados. Por isso, se degradam fazendo com que o desempenho da transferência dure pouco tempo.

Com esse obstáculo em mente, os neurocientistas pensaram em outra solução onde a informação se tornasse permanente ou mutável de acordo com a vontade da máquina: 
a réplica do cérebro humano!

A ideia, portanto, é a preservação de todos os “inputs” produzidos na fonte após seu perecimento, transferidos para uma cópia fiel do cérebro original. O problema é que surgiram vários questionamentos para realizar o projeto.
Questionamentos importantes para serem suplantados na produção e uso do cérebro artificial ou sintético:

1 - DADOS TRANSFERIDOS - além da memória, outros parâmetros sensoriais serão igualmente transferidos, como traumas e emoções atreladas ao cérebro in natura?

2 - ÉTICA E MORAL - haverá um “Código de Ética” específico para o controle da produção de um cérebro artificial ou sintético?

3 - INVASORES CIBERNÉTICOS - haverá alguma senha secreta para acessar os dados do cérebro sintético a fim de evitar os "hackers"?

4 - UTILIZAÇÃO PARA O MAL - Além do Código de Ética, o cérebro artificial ou sintético contará com dispositivos de segurança para evitar que caia em mãos erradas? Exemplo: input de dados gerados de fontes inescrupulosas (a pessoa morre, mas sua maldade fica).

5 - TRANSFERÊNCIA DA CONSCIÊNCIA - Como seria a realocação (ou emulação) de uma consciência, uma vez que ela não é palpável?

Ulf Danielsson, autor e professor de Física Teórica na Universidade de Uppsala Universitet na Suécia, acredita que uma das razões para a associação entre a Física Quântica e a consciência, é o fato de que ambos os processamentos são autônomos e aleatórios.

IA mecanismo informático não é um organismo biológico !

versión On-line ISSN 2007-3607

https://www.scielo.org.mx/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2007-36072019000100008

"IA" sistema cibernético-informacional complexo e artificial

por: Alexandre Quaresma

Uma das maiores dificuldades dos engenheiros e projetistas de sistemas dotados com Inteligências Artificiais (IA) é replicar a faculdade-propriedade da consciência, pois a mente consciente só parece possível em seres biológicos. Nesse artigo, investigaremos como acontece a consciência no mundo biológico, quais as condições necessárias para sua manifestação, correlacionando-a (consciência), enquanto fenômeno genuinamente biológico, com a dificuldade de instanciar inteligências conscientes e intencionais em sistemas cibernético-informacionais complexos e artificiais, o que vale dizer, inorgânicos e não-biológicos. Mais especificamente, referimo-nos a tentar fazê-lo - como defende o cognitivismo ortodoxo e a própria IA forte - em computadores, androides e robôs, por meio de arranjos de IA. Vale destacar que esse problema da consciência se vê intimamente relacionado com problemas que já discutimos em trabalhos anteriores (Inteligências artificiais e o problema da intencionalidade; Inteligências artificiais e os limites da computação), no sentido de que, apenas um sistema ou ser biológico vivo pode ser capaz de possuir essa característica chamada consciência.

"Poder-se-ia facilmente conceber uma máquina [escreveu René Descartes (1979, pp. 37-38)] que é feita de tal forma que profere palavras, e profere até mesmo algumas palavras em resposta às ações físicas que causam uma mudança em seus órgãos: por exemplo, se alguém tocou em um lugar particular, perguntaria o que se queria dizer ou se fosse tocado em algum outro lugar, ele gritaria que estava sendo ferido e assim por diante. Mas não poderia colocar palavras de maneiras diferentes para responder ao significado de tudo o que é dito em sua presença, como até mesmo os seres humanos mais pouco inteligentes podem fazer. A segunda significa que, mesmo que eles fizessem muitas coisas tão bem ou possivelmente melhor do que qualquer um de nós, eles certamente falhariam em outras coisas, assim eles não agiam baseados no conhecimento, mas meramente como resultado da disposição de seus órgãos. [Programas?]. Pois enquanto a razão é um instrumento universal que pode ser usado em todos os tipos de situações, os órgãos precisam de uma disposição específica para cada ação em particular; portanto, deve ser moralmente impossível que uma máquina possa abrigar uma diversidade de órgãos o suficiente para permitir que ela atue em todas as ocorrências da vida, na maneira pela qual nossa razão nos capacita a agir".